Uma das discussões centrais da ética contemporânea é sobre a consideração moral dos animais não-humanos. Animais não-humanos devem ser considerados moralmente? Se sim, a vida deles vale tanto quanto a de um ser humano? Devemos então parar de comê-los? Devemos então parar de fazer experimentos neles? Devemos parar de usá-los para nos servir, seja lá em qual área for?
Segundo entendo os argumentos endereçados por ambos os lados da questão, todas as respostas para essas perguntas é "sim". Mas, que tal dar uma olhada nos argumentos com os próprios olhos, a partir de textos de filósofos que iniciaram a discussão?
Textos clássicos introdutórios sobre ética animal:
A Significância do Sofrimento Animal (Peter Singer):
http://www.olharanimal.net/capa/1034-petersinger/1047-a-significancia-do-sofrimento
O Caso dos Direitos Animais (Tom Regan):
http://www.olharanimal.net/capa/1058-tomregan/1071-o-caso-dos-direitos-animais
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Uma pergunta que sempre surge é: "se levarmos os interesses dos animais a sério, deveríamos impedir os danos que eles sofrem e que não são causados por nós? Por exemplo, na natureza há predação, inanição, parasitismo, doenças, morte por queimadura, frio, etc. Deveríamos tentar minimizar esses males?
A maioria dos filósofos da ética animal (e a maioria das pessoas, incluindo a maioria dos defensores dos animais) endereça alguns argumentos para dizer que não temos esse dever. É aí que minha posição se distancia da posição dessas pessoas, porque, em meu entender, nenhum dos argumentos realmente procede. Uma análise desses argumentos eu fiz aqui: http://lucianoccunha.blogspot.com/2010/08/sobre-danos-naturais.html
E agora, que tal dar uma olhada no que outros filósofos, que também defendem que temos esse dever, tem a dizer sobre a questão? Abaixo, coloquei alguns links com textos sobre o assunto.
Antes de entrarmos no debate ético sobre a questão, é importante ter em mente como é realmente a vida dos animais no mundo natural. Infelizmente, tal vida não é o paraíso que gostamos de imaginar - pelo contrário. Portanto, abaixo estão alguns links de textos que descrevem a vida natural:
DAWRST, Allan. How Many Animals are There? Disponível em http://www.utilitarian-essays.com/number-of-wild-animals.html
DAWRST, Allan. The Predominance of Wild-Animal Suffering over Happiness: An Open Problem. Disponível em http://www.utilitarian-essays.com/wild-animals.pdf
DAWRST, Allan The Importance of Wild-Animal Suffering. Disponível em http://www.utilitarian-essays.com/suffering-nature.html
«A quantidade total de sofrimento por ano no mundo natural está para lá de toda a contemplação decente. Durante o minuto que me leva a compor esta frase, milhares de animais são comidos vivos, outros correm pelas suas vidas, a gemer de medo, outros são lentamente devorados por dentro por parasitas vorazes, milhares de todos os tipos morrem de fome, sede e doença". (Richard Dawkins).
Tendo em mente já os fatos sobre o mundo natural, que tal entrar agora no debate ético sobre a questão?
Abaixo estão alguns excelentes artigos que podemos encontrar na internet sobre o tema:
Textos sobre intervenção na natureza e minimização do sofrimento:
Salvando o Coelho da Raposa (Steve F. Sapontzis):
http://www.olharanimal.net/capa/1145-steve-f-sapontzis/1358-salvando-o-coelho-da-raposa-1
Contra o Apartheid das Espécies (Yves Bonnardel):
http://www.olharanimal.net/capa/1119-yvesbonnardel/1121-contra-o-apartheid
Disvalue in Nature and Intervention (Oscar Horta):
http://www.olharanimal.net/pensata-painel/1138-devemos-intervir-na-predacao/1350-oscar-horta
"Quando nossos interesses, ou os interesses daqueles que nos importamos serão danados, não reconhecemos uma obrigação moral de 'deixar a natureza seguir o seu curso', mas, quando não queremos ser importunados com uma obrigação, 'esse é o jeito que o mundo funciona' provê uma boa desculpa" (Steve Sapontzis)
"Tivesse sido a 'Mãe Natureza' uma mãe real, ela estaria na cadeia por abuso infantil e assassinato" (Nick Bostrom)
"Tivesse sido a 'Mãe Natureza' uma mãe real, ela estaria na cadeia por abuso infantil e assassinato" (Nick Bostrom)
A Natureza não Escolhe (David Olivier):
http://www.olharanimal.net/capa/1136-david-olivier/1327-a-natureza-nao-escolhe
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"Seja lá qual tiver sido o começo desse mundo, o final será glorioso e paradisíaco, para além do que nossa imaginação pode conceber" (Joseph Priestley)
Já imaginou um mundo real (e não imaginário) onde não houvesse sofrimento algum, e a felicidade fosse tão extrema que fizesse parecer quase nada o maior pico de felicidade que alguém já sentiu até hoje? Imagine que, além disso, nós manteríamos (aumentaríamos, na verdade) nossa inteligência, criatividade artística e senso crítico? Imagine que, além disso, não apenas os humanos, mas todas as criaturas sencientes também viveriam em paz, sem nenhum sofrimento.
Ficção? Não. Um filósofo inglês chamado David Pearce propõe exatamente isso, e argumenta que a construção de tal paraíso será tecnicamente possível num futuro não muito distante. O autor oferece razões também do porquê temos o dever de criar tal mundo.
(Em tempo: David Pearce estará no Brasil em Novembro de 2010, discutindo sua proposta).
Textos sobre transhumanismo e abolição do sofrimento:
O Projecto Abolicionista (David Pearce):
http://www.abolitionist.com/portuguese/i
Reprogramar os Predadores (David Pearce):
http://www.abolitionist.com/reprogrammin
Neurociência Utopista (David Pearce):
http://www.superhappiness.com/portugues/
Entrevista com Nick Bostrom e David Pearce:
http://www.hedweb.com/transhumanism/port
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"Não há argumentos biológicos, físicos, matemáticos ou históricos contra a filosofia. Qualquer argumento contra a filosofia teria de ser filosófico. Portanto, para rejeitar a filosofia temos de filosofar. O que demonstra que a filosofia é inevitável. Argumentar contra a filosofia é como gritar "Não estou a gritar!" (Desidério Murcho)
Infelizmente, vivemos em um mundo onde o pensamento crítico é algo raro. A maioria das pessoas sustenta com uma convicção gritante a idéia de que disputas sobre determinados assuntos como "o que é o certo/errado?", "o que é possível conhecermos?", "temos livre arbítrio ou somos determinados?", "O que sou eu?" não passam de meras questões de opinião pessoal. Talvez essas pessoas nunca tenham examinado mais de perto e com rigor metodológico essas crenças, e infelizmente continuam a pensar que a filosofia não passa de devaneios. Portanto, pra desfazer tais equívocos, deixo abaixo os links de dois textos ótimos, de autoria do filósofo Desidério Murcho, que esclarecem muito sobre o que é a filosofia e como o pensamento crítico pode desfazer alguns equívocos graves que costumamos sustentar:
ótimas introduções sobre filosofia em geral, argumentação e pensamento crítico:
A Inevitabilidade da Filosofia (Desidério Murcho):
http://criticanarede.com/html/inevitavel
Zen e a Arte de Manutenção da Filosofia (Desidério Murcho):
http://criticanarede.com/zen.html